15 de out. de 2008

100 anos de voluntarismo...



No dia primeiro de agosto de 1907, na Ilha de Brownsea, Inglaterra, Robert Baden Powell iniciava um acampamento de oito dias, reunindo 21 jovens, com o objetivo de colocar em prática suas idéias de utilizar atividades ao ar livre para contribuir na educação dos jovens.
Antes de publicar sua teoria denominada por ele de “Método Escoteiro”, Baden Powell reuniu muitas idéias, anotou suas experiências de vida, estudou os modernos conceitos e propostas de novos educadores, e planejou seu evento experimental. Dividiu os jovens em equipes e oferecendo-lhes em conjunto atividades diferentes e atraentes, acompanhou atentamente a forma de como os jovens interagiam, dividiam tarefas e se emprenhavam em superar desafios.
No dia 09 de agosto o teste estava terminado. À medida que os rapazes partiam, deixavam registrado o entusiasmo que puderam experimentar. O acampamento foi um sucesso e B.P. comprovara a eficiência do “sistema de patrulhas” e a atração que os acampamentos e as atividades ao ar livre exerciam sobre os jovens de todas as classes sociais. Comprovou também que os jogos “aprender fazendo” eram excelentes formas para ensinar técnicas, e que os jovens respondiam com o seu melhor possível quando se depositava confiança neles.
O Movimento Escoteiro desenvolveu-se rapidamente. Em 1908 já estava no Chile, e em 1910 chegava ao Brasil. Da concepção original, de algo para os rapazes ingleses, o Escotismo transformou-se em um eficiente sistema de educação não formal para jovens, homens e mulheres na faixa etária dos 7 aos 21 anos, acompanhados por líderes adultos que se dedicam a lhes oferecer atividades que proporcionem experiências educativas, e que contribuem para a formação integral de cidadãos, responsáveis, participativos e úteis em suas comunidades.
A Organização Mundial do Movimento Escoteiro, fundada pelo próprio Baden Powell, reúne atualmente mais de 28 milhões de membros em 216 países e territórios, constituindo-se na maior associação mundial de jovens, com relevante trabalho em busca da paz e da compreensão entre as pessoas, superando diferenças, distâncias e fronteiras.
Neste primeiro Centenário do Escotismo, do primeiro acampamento até 2007, estima-se que mais de 500 milhões de pessoas, homens e mulheres, da maioria dos países e culturas do mundo, tenham prometido viver em conformidade com a Lei e a Promessa Escoteira, fazendo parte da Grande Fraternidade Mundial Escoteira. É por esta razão que o lema das comemorações é “UM MUNDO, UMA PROMESSA”.
O Escotismo chega ao Brasil ......
No Brasil, a primeira notícia sobre o Escotismo publicada foi em dezembro de 1909. Uma reportagem publicada na Revista Ilustração Brasileira e preparada na Inglaterra pelo Tenente da Marinha de Guerra, Eduardo Henrique Weaver. Na época encontrava-se na Inglaterra um contingente de oficiais e praças da Marinha.
No retorno ao Brasil os militares trouxeram consigo uniformes ingleses escoteiros, a maioria embarcado no (?) Minas Gerais, que chegava ao Brasil em 1910. No dia 14 de junho daquele ano, no Rio de Janeiro, reuniram-se todos os interessados pelo escotismo e foi oficialmente fundado o Centro de Boys Scouts do Brasil.
Erechim entra no roteiro escoteiro mundial ...
O 44º Grupo de Escoteiros Tupinambás nascia no dia 03 de outubro de 1952, através da iniciativa de Paulo Lima, Dirceu Franciosi, Ilson Almeida, Wilson Wornikow, Milton Aver e Paulo Franklin da Silva, que incentivados pelo chefe Eduardo Otto, do Grupo de Escoteiros Botucaris de Passo Fundo, implantam um grupo escoteiro em Erechim. Entre várias tribos indígenas, escolhem o nome Tupinambás.
Ainda no mesmo ano forma-se a primeira diretoria e recebem através da Prefeitura Municipal de Erechim a doação de uma sala de aula no edifício da Junta de Alistamento Militar para as reuniões do grupo.
No mesmo momento, forma-se a Tropa Escoteira com suas duas primeiras patrulhas que recebem o nome de Morcego e Águia, posteriormente surgem as patrulhas Cão e Jaguar.
Em 1967 é fundada a primeira Tropa Sênior e no mesmo ano é lançado o Jornal A Gralha, informativo este que era produzido pela Executiva e chefias que continha as notícias dos trabalhos do grupo, como também temas variados.
No ano de 1968 forma-se o primeiro Clã Pioneiro e, finalmente em 1970, o Grupo é reconhecido oficialmente pela União de Escoteiros do Brasil. Anos depois, em 1990, é formada a primeira Alcatéia Mista e no ano seguinte a Tropa Escoteira Feminina. No ano de 93, recebia a sua personalidade jurídica.
Atualmente, o grupo é formado pelo Grupo de Chefes que atuam na parte técnica com os ramos Lobo, Escoteiro, Sênior e Pioneiro. Também conta com a direção administrativa, conselho fiscal, conselho administrativo e Conselho de Pais.
O Grupo Escoteiro Acauã
O Grupo Escoteiro Acauã foi fundado em 12 de outubro de 1981 por idealistas e membros do G. E. Tupinambás junto ao Patronato Agrícola e Profissional São José. O objetivo era atender a demanda de escoteiros do Bairro das Três Vendas, que crescia anualmente, sendo já necessária a fundação de uma unidade escoteira neste bairro.
Além do trabalho escoteiro, o Grupo Acauã foi pioneiro no trabalho com os jovens do Patronato, instituição esta que os acolheu até o início de 1983 quando, por motivos de distância, se transferiu para o Bairro Três Vendas.
No porão de uma casa na Avenida José Oscar Salazar, hoje pertencente a uma indústria de calçados, funcionou o Grupo até meados de 1986 quando, por motivo de insuficiência de participantes, teve que fechar suas portas.
Mas, não durou muito tempo, e o grupo foi reaberto em 1988. Agora funcionando junto a Paróquia das Três Vendas, o Grupo novamente cresceu e divulgou seu trabalho para a comunidade por intermédio de grandes eventos, como Mateadas, Acampamentos Modelo e Gincanas Colegiais no Bairro. Isto atraiu inúmeros jovens e fez com que o Grupo começasse a participar de eventos de cunho Estadual, sempre se destacando pela garra, perseverança e espírito escoteiro.
Com isto, o Acauã motivou-se e, para atender a enorme demanda de jovens do sexo feminino, abriu inscrições para meninas e moças fazerem parte também da família Acauã, que até 1991 apenas trabalhou com jovens do sexo masculino.
Em 1993, novamente houve a troca de sede, fixando-a junto às dependências do Sesi, período em que se destacou a organização e o empenho dos pais na direção do Grupo, com a elaboração de festas e promoções de Mondongo, Dia dos Pais e das Mães, que perduram até hoje. Mas, por motivos administrativos do Sesi, em 1995 o Grupo retornou ao centro das Três Vendas, primeiramente no Seminário da Consolata, e depois na Rua Ângelo Siviero, num galpão de material pertencente a uma família escoteira.
Esta época foi a de maior relevância até então, porque o trabalho das crianças e dos jovens começou a se destacar ainda mais. Muitos deles conquistaram as graduações máximas dentro dos ramos, e se sobressaíram Brasil afora: Lobinhos Cruzeiro do Sul, Escoteiros Lis-de-Ouro, Seniores Escoteiros da Pátria, além da fundação de uma Clã de Pioneiros. Todo este trabalho só poderia culminar em participações vitoriosas em acampamentos estaduais. Rendeu também a presença em um acampamento internacional Jamboree, levando o nome ACAUÃ para o mundo.
No final de 2002, um grande sonho de todos da família Acauã se concretizou: a sede própria. Em parceria com a Escola Dom, a Tractebel, empresas de nossa cidade, e com os pais de nossas crianças e jovens escoteiros, uma casa foi construída para abrigar seus materiais e aconchegar as atividades de cada sábado.
Um grande propósito
O Movimento Escoteiro tem como propósito contribuir para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento, especialmente do caráter, ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais como cidadãos responsáveis, participantes e úteis em suas comunidades, conforme definido no projeto educativo da UEB.
Convencidos da pluralidade da natureza humana e interessados no ser humano, como um todo, procura oferecer aos jovens o desenvolvimento equilibrado de todas as dimensões de sua potencialidade, promovendo, criando e fornecendo oportunidades para o pleno desdobramento de toda a complexa variedade de expressões do ser humano.
A saúde, a integração social, a maturidade, o equilíbrio afetivo e a própria felicidade dependem do desenvolvimento harmonioso de todos esses aspectos. A vida se reinicia a cada momento, o que a converte numa aprendizagem que nunca se conclui.
Os princípios que constituem o Movimento Escoteiro são marco referencial de valores essenciais e atraentes. A adesão a esses valores contribui fortemente para que os jovens tenham uma razão de viver consistente, para buscar a felicidade e motivar outros nessa mesma direção.
A relação com Deus ....
O Movimento Escoteiro convida os jovens a ir além do mundo material, a orientar suas vidas por princípios espirituais e a seguir caminhando em busca de Deus, presente na existência de todos os dias, na criação, no próximo, na história. A assumir a mensagem de sua fé, a orientar as suas vidas por princípios espirituais e a seguir caminhando em busca de Deus, presente na existência de todos os dias, na criação, no próximo, na história.
Ao viver sua fé com alegria, sem nenhuma hostilidade para com aqueles que buscam, encontram ou vivem respostas diferentes diante de Deus, abrindo-se ao interesse, à compreensão e ao diálogo com todas as opções religiosas. Uma pessoa guiada por estes princípios, vive e compartilha o sentido transcendente de sua vida, sem posicionamentos sectários e sem fanatismo.

A relação com o próximo.....
Estimula-se o amor ao país e aos seus símbolos, sem ufanismo, em harmonia com todos os povos e buscando a promoção da paz mundial. Respeitar com carinho o mundo natural, comprometer-se com o desenvolvimento sustentável e participar ativamente dos esforços para sua preservação e renovação.
Desenvolve e oferece oportunidades para que desenvolvam sua curiosidade, ajudando-os a projetar em suas vidas adultas o interesse pela aquisição de habilidades para o trabalho manual que permite transformar coisas, descobrindo a ciência e a tecnologia como meios a serviço do homem, Nós os motivamos para que aprendam a reaprender, a reinventar, a imaginar e a seguir pistas ainda não exploradas. Motiva a admiração pelo trabalho bem feitio e fomentamos sua aspiração à excelência.
Uma pessoa animada por esse espírito deixará o mundo melhor do que aquele que encontrou e seu testemunho será um permanente desafio à superação. O ser humano só se realiza plenamente quando exerce sua liberdade respeitando a do próximo.
Um Movimento que propõe aos jovens que busquem sua realização por meio do serviço ao próximo e que se integrem de maneira responsável e solidária a sua comunidade. Que incorporem a valorização dos direitos humanos a seu modo de pensar e a suas atitudes. Promover o seu conhecimento com a democracia como forma de governo que melhor permite a participação de todos e a igualdade de oportunidades mesmo para as minorias. Nossa proposta é que reconheçam e exerçam o poder e a autoridade sempre a serviço do bem comum.
Promove a igualdade de direitos entre os homens e mulheres e fomenta na juventude o apreço pela colaboração e pelo mútuo enriquecimento, respeitando a natureza particular de ambos os sexos, sem quaisquer preconceitos. No plano das relações pessoais, convida a desenvolver sua afetividade com naturalidade e respeito, pautando pelo amor seu comportamento sexual.
Propõe-se ao jovem que aproveite a existência e as relações humanas com alegria e senso de humor, buscando superar as dificuldades e expressando constantemente o prazer de viver. Que os jovens sejam reconhecidos por suas atitudes de simpatia, compreensão e afeto para com o próximo, transformando em ambientes agradáveis os espaços em que vivem e se desenvolvem.

Anacleto Zanella
Secretário Municipal de Educação
Discurso da Sessão Solene dos 100 Anos do M.E.